segunda-feira, 18 de julho de 2016

A Inveja

por H. Thiesen 

Nossas dificuldades atuais são imensas e por isso, quase sempre, o nosso egoísmo se torna mais forte do que a nossa razão. Necessário nos é,  cuidar dos sentimentos que podem gerar dissabores e nos levarem a uma inércia na nossa evolução.
Entre os nossos maiores defeito, a inveja, resultado primeiro do nosso egoísmo, é o sentimento com maior capacidade de prejudicar a nós mesmo e a quem o direcionamos. Segundo os dicionários esse sentimento é um "desgosto, mortificação, pesar causado pela propriedade ou êxito de outrem, acompanhado do desejo violento de possuir os mesmos bens, ter coragem de tomar as mesmas atitudes, ser como o outro".
A dificuldades para aceitarmos em nossos corações, que ainda sofremos com sentimentos pequenos e mesquinhos como o da inveja, é enorme, devido ao nosso estado e nível evolutivo, mas temos que domá-los ou ficaremos  sempre querendo ou tentando ofuscar o brilho dos nossos irmãos.
No céu existem milhares de estrelas e nenhuma necessita que outra se apague para ela brilhar, o que esconde o brilho das estrelas são as nuvens e que consome estrelas são os buracos negros, mesmo assim as nuvens trazem a chuva para abastecer a vida e o buraco negro as engole para manter o equilíbrio do universo, segundo as leis físicas. Ambos não o fazem por inveja, mas necessidade e naturalidade.
Alguém, um dia, nos aconselhou para que deixássemos brilhar a nossa luz:
- Brilhe a vossa Luz, disse-nos Ele.
Cada um de nós, possui luz própria e quem a possui não necessita apagar a luz de ninguém.
A inveja é um sentimento de antagonismo ao amor, sentimos inveja dos que nos substituem melhor, que fazem melhor do que nós, dos estão melhores do que nós, dos que são maiores do que nós, dos que são mais bonitos do que nós, dos que possuem mais do que nós, dos que possuem o que não temos, A nossa capacidade para invejar é infinita, desde a maneira para acender um simples palito de fósforo, passando pelos atributos físicos, até a maior riqueza que alguém pode ter.
Junto à inveja carregamos e desenvolvemos outros sentimentos e defeitos, passamos a julgar, ter preconceitos, a língua se volta à maledicência e intrigas. A inveja nos faz julgar e falar dos outros, cegando-nos e nos tirando da razão, passando a justificar nisso, os nossos defeitos. Em outras palavras, buscamos razões para disfarçarmos a nossa inveja. Quantas vezes vemos e ouvimos por aí que, se um homem é bonito e cuida do corpo é homossexual, se uma mulher é bela e decide usar roupas que definem o seu corpo é prostituta, se alguém compra uma casa melhor, está roubando do patrão, do governo, se uma mulher subiu de cargo, fez sexo com o diretor, etc, etc, etc.
A inveja é irmão gêmea do orgulho, disfarçados de amigos. Invejamos por que ficamos com o orgulho ferido e não aceitamos o sucesso dos outros. Esse sentimento mesquinho, chamado inveja, é capaz de desencadear ódios, originar guerras e destruir o que causa o bem.
O invejoso é um cego que não mede esforços para destruir, ao pedir um favor cerca-se de bons sentimentos e atenções, mas depois de atendido, apenas lhe fizeram e pagaram pelo que lhe deviam, ou seja, ao fazer um pedido, mostra-se a melhor pessoa do mundo, depois que consegue, vira o prato onde comeu. Amizade para o invejoso é um sentimento que não existe, ele se importa pouco com ela, o seu orgulho fala mais alto, é o verdadeiro "amigo da onça".
Para nos mantermos longe da inveja, melhor é cuidar da nossa própria vida e deixar de virar o olho para a vida dos nossos semelhantes. Precisamos ter o pensamento que somente o nosso irmão e Deus, sabe como ela é na sua intimidade.
Afastar-se da inveja, não significa não senti-la, mas sim, reconhecer suas possibilidades, sua força interior, sua capacidade de vencer a si mesmo. Sentir inveja é natural, é hipócrita quem diz não a ter. Não podemos é nos deixar dominar por ela, deixar que ela se torne um hábito e se transforme num martírio envolvendo pessoas e nós mesmo.
Para encerrar, duas frases que resumem bem o sentimento da inveja e a vontade de vencê-la:
- Onde há inveja não pode haver amizade! (Luiz de Camões)
- O grande guerreiro será sempre o que vencer a si mesmo! (André Luiz/Chico Xavier)
Vençamos os nossos sentimentos mesquinhos, busquemos sempre a harmonização, nos sentindo felizes com as conquistas alheias, aceitando o sucesso e a superioridade do nosso irmão e aprendamos a incentivá-los ao crescimento e progresso.

4 comentários:

  1. Sem palavras para qualquer comentário!
    Por si só, o texto é brilhantemente lúcido, instrutivo. Maravilhoso.
    Uma aula de vida!!!
    Lindo!!!!

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  2. Para mim a inveja é uma insegurança e pode fazer muito mal a quem sente e ao alvo.

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  3. Desde já os meus parabéns pela forma estrutural e absorvente como escreve, tanto neste como no outro blog.
    Agora que dei os meus parabéns, passo à minha respectiva apresentação:
    O meu nome é Estúpido e segundo dizem, as boas línguas passam pelo meu corpo, as más como anónimos no meu blog.
    A minha querida Pink destacou a minha amiga ,e o bom gosto dela é como o ponto g, só alguns conhecem o caminho.


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  4. Olá!

    Parabéns pela boa reflexão que nos trouxe.

    Sentir inveja pode ser algo que considero até involuntário, mas cultivá-la não.

    Deixar-se dominar por ela é deixar de acreditar no próprio potencial e recusar a ser como cada um é de fato. É trocar o cooperativismo entre os seres pela competitividade insana entre lavrador e pastor ou entre nadador e jogador de futebol.

    Se o que fazemos não está sendo satisfatório, que nos aprimoremos para conseguir resultados melhores. E aí não haverá outro competidor senão a nós mesmos.

    Ótimo final de semana!

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