por H. Thiesen
A maioria das pessoas procura pela felicidade, mas de maneira errada buscam-na de maneira exterior, esquecendo-se que ela sempre está presente, no espaço interior, no seu emocional, na sua mente e no seu corpo. Para descobri-la-la é necessário uma tomada de consciência e de atitudes de onde e como encontrá-la.
Segundo Leonardo Boff, corporeidade ou dimensão como corpo, é tudo que é relacionado ao conjunto de relações que o ser humano tem com o universo, com a natureza, com a sociedade, com os outros e com sua própria realidade concreta, quanto aos cuidados com o ar que respira, com os alimentos que consome, com a água que bebe, com as roupas que veste e com os relacionamentos. É então, o ser humano inteiro e mergulhado no tempo e na matéria, um corpo vivo, dotado de inteligência e sentimentos. Um corpo total que vive numa trama de relações, que eclodem do seu interior para fora e para além de si mesmo, trocando energias sumariamente, desta forma, em todas as nossas ações físicas e até mesmo em um pensamento, trocamos com o meio no qual vivemos, parte da nossa energia.
A felicidade depende da nossa autossustentabilidade e um ser humano autossustentável é capaz de renovar energias de forma autônoma, que o leva à resultante, a harmonia interior.
A principal chave para isso é encontrada quando nos descobrimos nossa espiritualidade e começamos a nos ver como seres espirituais, parcelas de uma rede de consciências e capacitados para a construção e manutenção de um bem comum, ou seja, somos parte de um todo chamado Espiritualidade. Este Todo nos influência, tanto nos campos mentais, emocionais e físico, mas somos nós os responsáveis pela receptividade às influências que nos atingem, sejam elas boas ou más.
A paz ou o mal-estar são vivenciados e experimentados, através de atividades e emoções e podem ser construtivas ou destrutivas.
As emoções destrutivas, como o ciúme, o apego exagerado, a raiva e o orgulho são grandes causadoras de estresse, geram de conflitos, sofrimentos e dor para com os outros ou para consigo mesmo.
A humanidade, ou pelo menos grande parte dela, se deixa levar pelas emoções destrutivas, o que muitas vezes resulta na perda do autocontrole. Durante um momento de raiva, grita-se, ofende-se, magoa-se, muitas dessas vezes, a quem se ama, para depois vir a culpa e o sofrimento. De outra forma, muitos acham a raiva um sentimento inferior, mas não deixam o orgulho. Outros não guardam rancores, são humildes, mas constroem dentro de si um eterno sentimento de rejeição. Qualquer que sejam os jeitos, ao contrário dos que possuem a raiva em si, continuam com as mágoas e ressentimentos, apesar de não serem expressos, as vezes imperceptíveis a eles mesmos, repetindo tais sentimentos, durante meses ou anos, indo de encontro ao estresse e acabando por somatizar a sua raiva, o seu orgulho a sua rejeição, transformando-os em úlcera duodenal, enfarto e até mesmo em um câncer.
Se fácil é deixar esses sentimentos e atitudes inferiores tomarem conta de nós e difícil é dominá-las, podemos adotar uma terceira via, tomando consciência que são sentimentos que cooperam para a nossa infelicidade e deixar que elas passem. Afinal de contas, depois de um acesso de raiva, qualquer um volta ao normal, então para que passar por ele. Desde quando guardar rancor resolve problemas? Então para que senti-lo? Pensar que é inferior ou rejeitado fará os outros lhe aceitarem? É claro que não, no máximo sentirão pena.
Está com raiva, quem xingar alguém, ficou com vontade ofender uma pessoa? Vai tomar água, encha a boca de água e só a engula depois que passar!
É lógico que para aparecerem os resultados é necessário dar tempo ao tempo, é como um desafio e a vitória tem que ser alcançada, muitas vezes necessita de que façamos estratégias, as quais se adaptem a nós para que cheguemos a reta de chegada da melhor maneira possível, neste caso, a vitória é alcançada livrando-se dos sentimentos e emoções inferiores e ruins e buscando a harmonia interior.
Para obter-se ainda mais alegria e harmonia, é necessário cultivar altos sentimentos humanos, como a alegria de compartilhar e querer a felicidade com as pessoas ao redor, a compaixão, o sentimento e o ato de ajudar o outro a aliviar o seu sofrimento e dar tratamento igual para com todos os seres, sem nenhuma preferência por um ou por outro.
Amar o próximo como a si mesmo, fazer pelos outros, o que quereríamos que os outros fizessem por nós, é o conceito mais completo de felicidade, pois resume todas as regras de relação, deveres e direitos de cada um para com o próximo. Não encontraremos um conceito mais seguro e abrangente, a tal respeito, que tornar padrão, que devemos fazer aos outros, somente aquilo que desejamos para nós mesmos. Qual seria o nosso direito de exigir de alguém, melhor maneira de proceder, mais indulgência, mais benevolência e devotamento para conosco, se da mesma forma não agirmos? A prática desse ensinamento tende à destruição do egoísmo e da injustiça. Quando é realmente adotado como regra de conduta e para base para qualquer instituições, compreende-se a verdadeira fraternidade, a paz, a justiça e encontra-se a felicidade.
O amor verdadeiro resume tudo, visto que é um sentimento por excelência, e os sentimentos são os instintos elevados à altura do que progredimos. O homem originariamente, somente possui instintos, quando corrompido, tende a ter sensações, quando instruído e depurado, tem sentimentos. O ponto crucial do sentimento é o amor, não aquele vulgar do termo, mas esse o verdadeiro, que lhe ilumina o interior e que reúne em seu objetivo as aspirações e as revelações sobre-humanas e imateriais da vida.
No homem, o ponto de partida é o instintos e necessário a ele, caminhar na direção de uma meta, o sentimento. O homem moderno, pouco avançou em relação ao ponto de partida, mas a fim de atingir a meta, tem a ele que vencer os obstáculos dos próprios instintos, em proveito dos seus sentimentos, isto é, aperfeiçoar-se, desatando os seus laços à matéria. Os sentimentos trazem consigo o progresso.
Transformar os instintos em sentimentos é um trabalho árduo e prolongado. É uma fase de intensa atividade e tomada de consciência, qualquer mudança brusca no ambiente pode ser fatal (somo influenciados pelo meio). O Espírito precisa ser cultivado e preparado para a colheita. Toda a riqueza futura depende do trabalho atual, que se traduzirá em felicidade e essa conquista é muito mais do que bens terrenos e relacionamentos mundanos. É então que o Espírito, compreendendo a lei de amor que liga todos os seres, adentra os prelúdios das alegrias celestes, pois o amor é a essência divina e todos nós, temos dentro de nós, a centelha dessa chama ardente.
Não adianta o corpo estar bem, se a mente continua agitada, sem paz espiritual, gerando uma invasão de pensamentos incessantes e no final de um dia ter vontade de ir para cama e dormir! Esta é a atividade típica da uma mente com infinitas produções e funções bastante úteis de um cotidiano.
A atividade mental permite raciocinar, lembrar, apreciar, comparar, julgar, decidir, avaliar, acusar e defender, é uma atividade normal do espírito.
Se lembrarmos de um inimigo, a raiva surge imediatamente e perdemos a paz de espírito!
A mente, propriedade principal do espírito, é capaz de obstruir o caminho e o acesso à paz, fazendo-nos perder o controle. Portanto é necessário disciplina, condicionamento e auto-conhecimento, para estabelecer hábitos salubres diferentes dos comuns e rotineiros. A vigilância precisa ser constante e são indispensáveis a vontade, paciência, perseverança e autoconfiança, para ultrapassar os obstáculos que a nossa mente é capaz de produzir e ter consciência que os objetivos deverão ser conquistados de etapa em etapa.
Lentamente os condicionamentos passam a fazer parte do nosso inconsciente, passando a aquietar as ansiedades e criando em nós, o equilíbrio emocional, moldando as ambições, elevando a qualidade moral, transformando desejos em realizações e pensamentos em atitudes. Desaparecem então, os medos e os mecanismos de auto-punição e aflitivos, adquiridos durante o processo de tentativas de regeneração do ser.
Essa conquista leva a uma mente saudável, que passa a comandar a vontade do ser, que o faz distinguir automaticamente e sem esforço algum, o que deve e o que pode ou não fazer, bem como define os objetivos de sua existência, amadurecendo-o emocional e psicologicamente, a fim de enfrentar as eventuais dificuldades que fazem parte de todo o processo de crescimento.
O Ser deixa de querer triunfar sobre os outros, conquistar o mundo, tornar-se famoso, conduzir as massas, ser endeusado, porque para ele é mais importante a luta para conquistar-se e realizar-se interiormente, de onde surgirão possibilidades para a conquista de outras posses, que serão de secundária importância, mas necessárias para a sua vida, que se traduzem no desenvolvimento e no progresso da sociedade.
Tanto o ser humano como os animais, as plantas, todos os objetos e o mundo ao nosso seu redor são constituídos de uma mesma energia, assim sendo, neste nível de compreensão, nada pode ser separado da verdadeira natureza das coisas. Se tudo é a mesma energia, torna-se impossível separar a unidade do todo. É impossível separar a individualidade da totalidade planetária, energeticamente falando. Cada um de nós sistema individual que faz parte de um mesmo sistema maior e único. Em cada um de nós convivem células, órgãos, pensamentos, emoções e sentimentos, que interagem com os da coletividade.
Finalizando, ser feliz é ter a mente em bem-estar, isso é, arrumar a nossa casa mental, para que ela não nos condicione ao sofrimento, analisar e estudar a nossa condição mental, nos seus mais variados aspectos, na busca da sustentabilidade do nosso ser, de forma ética e responsável, tanto na nossa individualidade, quanto na coletividade. Felicidade é uma libertação de nós mesmos!