sexta-feira, 8 de abril de 2016

Crônica do Além

Na infância, eu já me preocupava com o que pescava das conversas dos adultos. Mesmo quando metida nas brincadeiras de criança, a vida me preocupava profundamente. E não era apenas uma preocupaçãozinha! Não! Eu colecionava preocupações diversas, a maioria nada a ver comigo, mas com pessoas que eu amava.
Porém, isso não significa que eu não tenha me divertido muito e passado devidamente pela fase infante, muitas foram as brincadeiras, as traquinagens, as chineladas nas nádegas, as reinações e as brigas com os amiguinhos!
O fato é que eu percebia coisas que meus amiguinhos de infância não percebiam, porque estavam fazendo o que deviam fazer: brincando e sendo crianças. Essa habilidade em vasculhar e prestar atenção no que não me dizia respeito, levou-me a ser um ótima contempladora de além, e a compreender melhor as situações realistas e diretas. Até hoje, com mais de trinta e cinco anos, minhas amigas me surpreendem com revelações sobre nossa infância e adolescência. Não são poucas as situações que aconteceram e não vivi, apesar de estar presente. Claro, eu me distraí completamente da realidade nua e crua, das conversas diretas da vida naquela época, especializando-me em profundidades e preocupações futurísticas. E por mais que eu ache, que isso foi-me bem melhor do que a outra opção, não faz sentido algum aos que me cercam.
Contemplar o além me faz escutar mais do que os outros gostariam de dizer. Mas isso, de maneira nenhuma, não é inventar sentimentos ou reescrever a biografia de outras pessoas, como uma revista de celebridades, é somente um prestar atenção que segue adiante, que não se satisfaz apenas com o que é oferecido e que está na cara.
Obviamente, contemplar o além me ensinou a questionar, a pensar mais, não ficar esperando, mas agir, mas não por impulso, enquanto os outros ficaram ou ficam apenas prevendo o que poderá acontecer!
Ser contempladora de além me ensinou a ser fria e calculista, nada me passa despercebido. Ser contempladora do além me ensinou a ser espiritualista, avaliar o certo e o errado. Ser contempladora do além me ensinou a escrever, algo sempre me foi uma precisão de dizer coisas que não cabem em lugar nenhum, a não ser na imaginação. 
Enfim, ser contempladora do além me ensinou a dosar a vida e a pensar no que virá depois dela, não que isso seja crucial para mim, mas tenho certeza que será para quem ficar por aqui! Pois de mim ficaram somente as lembranças e faço de tudo para que sejam boas e que se lembre de mim pela dignidade que tive.
Ser contempladora de além não me fez somente para viver o presente, nem para viver de memórias e lembranças, mas para me jogar na tempestade, mesmo quando, exteriormente, a paz pareça reinar e  para encarar a vida de frente.

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Eu sou assim!

por H. Thiesen 


Sou assim, humana,
com defeitos e virtudes,
Vivo intensamente,
cada momento em plenitude,
Luto, eu sempre luto,
porque lutar é buscar a vitória,
mesmo que o caminho,
seja repleto de obstáculos,
eu não desisto, não me acovardo,
tropeço, mas levanto,
Tenho objetivos e sonhos.
Objetivos são para serem alcançados!
Sonhos para serem realizados!
Adoro a liberdade e sou livre
para prosseguir o meu caminho
para analizar meus erros
e saber por que errei
para compreender os meus acertos
e continuar a repeti-los
Sou livre para resignar-me às mágoas
e desenvolver em mim o perdão
Sou livre para absorver as derrotas
e erguer-me dos escombros
Sou livre para saber vencer
e prosseguir com humildade
Sou livre para ver derrotados
e estender-lhes a mão
Mas, não sou livre
Não sou livre para ver injustiça
miséria, fome e sofrimento,
angústia e desespero
e ficar de braços cruzados,
sem ao menos oferecer o ombro
Eu sou assim,
livre, mas presa
alegre e triste
Sou apenas uma humana
Que vive os sentimentos
que vive para amar
e ama para viver!
Eu vivo assim,
para quando o inverno da vida chegar
e a luz no fim do túnel eu avistar
eu possa inflar o peito e dizer:
Eu vivi e não me arrependo!